segunda-feira, 23 de maio de 2011

...

Normalmente  me meço por palavras ditas.
Dessa vez farei diferente e me medirei por quilômetros não percorridos.
Já faz algum tempo que não tomo nenhuma iniciativa sem antes olhar para o lado e estender a mão para quem precisa muito de mim nesse momento.
São cenas da vida que nos desafiam a colher frutos diferentes dos plantados, mas nem de longe menos importantes.
Me sinto um catavento de vários sentimentos.
Hoje faz um ano, exatamente, que corri minha primeira rústica.
Toda a emoção envolvida me remete a sorrisos escancarados e diversas dores de barriga.
Foi como um ritual de passagem, onde todo calouro sabe que vai acontecer algo de extraordinário, mas não imagina exatamente o que.
E assim me joguei ao infinito das corridas... um repuxo único de muita adrenalina e total satisfação.
Poucos dias depois, comecei a escrever o blog, que carinhosamente serviria apenas para postar as imagens das corridas , o ritmo dos treinos, alimentação direcionada e coisas desse tipo.
E numa crescente de expectativas infinitas, fui me jogando mais e mais no que acabara de perceber... uma paixão desenfreada pelo esporte.
No melhor dos meus tempos, superei a ira do próprio corpo e consegui fazer meu único sub 50 do ano passado...
Pouco tempo depois, estourei o joelho esquerdo e saboreei o doce amargo da primeira( e espero que última ) lesão.
Na tentativa de colocar apenas palavras ao vento, fui entendendo a irmandade que acontece nesse mundo incrível dos quilômetros ...
Cada pessoa tem uma meta e um espaço definido na ciranda das emoções do mundo corrístico ( expressão apendida no blog dos amigos).
Mas voltando aos Ks não percorridos....
Ontem teve a 28ª Maratona de Porto Alegre.
Logo que as inscrições abriram, me joguei para fazer a minha.
De longe a corrida de maior importância pra mim.
Mas como nem todos os Ks são percorridos em Maratonas , Ultras ou apenas Rústicas, não pude forçar a barra do meu momento e correr ontem.
Todos tem vidas envolvidas em suas vidas.
Como num vazio, não tive condições físicas para participar daquela que para mim, é a “culpada” pela minha entrega diária.
Não fui...
E o sentimento de vazio foi algo estranho, severo e cinza.
Apesar de todo o preparo, o corpo não aguentou, sussurrou durante dias e gritou no sábado á noite.
Foram mais de 24 horas seguidas sem tirar o corpo da cama...
Existia uma dor por trás de tudo isso, uma dor na alma, mas uma sábia decisão tinha que ser tomada.
Entre pensamentos silenciosos e palavras mudas, acompanhei tudo que aconteceu pelo radinho... a festa toda tomava forma dentro da minha imaginação.
Ainda me sinto estranha, faltante com a obrigação... um pouco triste.
Mas somos assim,  guerreiros diários do dia a dia.
Nem sempre ocupamos as largadas que almejamos, mas superamos as barreiras para cruzar as chegadas de cabeça em pé.

Abraço... Ingrid

9 comentários:

  1. Poxa amiga... infelizmente nem tudo na vida sai como gostaríamos.. mas Deus é tão perfeito que sempre providência um estepe para nós!!
    Virão muitas outras provas marcantes na sua vida.. podes crer!!

    Te vejo em Floripa :)

    bjs
    Jacke

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  2. Arrasou no post!! Parabéns por escutar o corpo. Muitas outras corridas virão.

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  3. Quando alguns silêncios dentro de nós ecoam, penso que voltamos aos velhos tempos, a uma coisa molecular e espiritual chamada i.n.t.u.i.ç.ã.o. Esteio para algumas decisões nem sempre necessárias de serem explicadas por palavras, gestos ou ações corrísticas.

    Ótima semana!
    :) t.o.m.

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  4. dae Guria, isso acontece mesmo, eu mesmo estou com uma dor na perna forte, vou correr terça o Desafio e dar uma descansada no esqueleto se não não vou conseguir me aguentar até o final do ano hehehe e não esquenta que ano que vem tem outra!!! Abraço

    Tiago Antunes
    www.vodoismax.blogspot.com

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  5. Oi Ingrid, belo relato!!!! Fiquei emocionada... O bom da corrida é que sempre temos a próxima vez. Você tomou a decisão certa e não forçou.... Seja o que te deixou fora da corrida, cuide e volte com calma. Afinal como um amigo me disse uma vez vamos continuar correndo até os 113 anos de idade, então porque a pressa?

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  6. Olá.Nossa fiquei emocionado. escutar o corpo é sábio. você fez o certo não se culpe. Outros corridas virão. um grande abraço e bons treinos...

    http://nerdcorredor.blogspot.com/

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  7. Ahhh Ingrid quando nos apaixonamos por uma prova não estar lá parece mesmo muito injusto, mas a coisa mais maravilhosa do mundo é saber que ano que vem tem denovo!! e que existem muitas provas por ai e muitos km que você ainda não correu e irá se apaixonar e poder chama-los de teus...
    Bjinhos
    Melhoras
    Ju

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  8. O feeling é esse mesmo, escutar o corpo guerreira.Parabéns !!! Bons treinos

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  9. Ô lindona...
    li esse post no meu trabalho, mas nao consegui comentar. Que coisa mais chata... desapontamento, né...
    ://

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